Quando falamos de
empreendedorismo no Brasil, os últimos anos têm mostrado evidências claras da
cada vez maior capacidade do Brasileiro de empreender. Isso é o que, mais uma
vez, mostrou a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que avalia anualmente
o empreendedorismo em 68 países do mundo, em uma iniciativa da London Business
School e da Babson College, e no Brasil é patrocinada pelo Sebrae e realizada
pelo IBQP, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.
Na pesquisa deste ano, recém
divulgada, todos os indicadores que já vinham apontando crescimento em anos
anteriores voltaram a crescer. Um dos mais expressivos é o que aponta que em
cada 100 novos negócios no País, 71 são abertos por oportunidade. Esse é um belo
sinal da maturidade do processo empreendedor no Brasil. Quando falamos que um
negócio é aberto por oportunidade, isso significa que o empreendedor
identificou uma necessidade de mercado não atendida e construiu seu negócio com
o objetivo de explorar essa oportunidade de forma consciente e profissional. O
outro lado da moeda, que era a regra até poucos anos atrás, era o empreendedor
que criava o seu empreendimento por necessidade. Nesse caso, a chance de
insucesso é sempre muito maior já que essa modalidade de empreendedorismo raramente
vem acompanhada de preparo, planejamento e de um plano de negócios consistente.
Outro indicador que merece
destaque mostra que 84% dos brasileiros consideram abrir sua própria empresa
como uma opção desejável de carreira. Esse é um reflexo do comportamento de uma
nova geração de empreendedores, que deixou para trás o velho sonho da geração
anterior de ser empregado em uma grande empresa, ou ainda melhor, um
funcionário público. Não por acaso, a pesquisa também mostra um empreendedor
mais jovem e com maior nível de escolaridade. Essas mudanças tem o potencial de
consolidar o Brasil como um País verdadeiramente empreendedor – condição
necessária para qualquer país desenvolvido - em curto espaço de tempo.
O contraponto fica por conta do
fato de que esses indicadores são atingidos a duras penas. Embora a Lei Geral
da Pequena Empresa tenha trazido melhorias importantes, esses avanços ainda representam
muito pouco frente ao ambiente hostil no qual esses empreendedores são lançados
quando começam a operar suas empresas. Temos a segunda maior carga tributária
da América Latina e a mais pesada entre os países emergentes. Ocupamos a 116ª
posição no ranking Doing Business, que avalia a facilidade para se fazer
negócios em 189 países, atrás de “potências” econômicas como Botsuana e Tonga,
por exemplo. E, na prática, qualquer pessoa que já tenha se aventurado a
empreender sentiu na pele os absurdos da legislação, a dificuldade da
burocracia e a sensação latente de que, por definição, o empresário é visto com
desconfiança e descrédito até que se prove o contrário.
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