quarta-feira, 19 de junho de 2013

O COMEÇO DO FIM (publicado em abril de 2009)

Nos últimos dias, vários veículos de comunicação têm apresentado sinalizações alentadoras relacionadas à crise na economia mundial. Os indicadores da produção começam a mostrar sinais de melhora, as bolsas de valores ao redor do mundo parecem estar saindo do fundo do poço, certo otimismo começa a ser percebido na maioria dos mercados. Mas mais importante do que todos estes indicadores, é a superação efetiva da pior das crises: a crise psicológica!
Recente sondagem realizada pelo Sebrae Nacional junto aos empresários de micro e pequena empresa em todo o Brasil mostram resultados animadores:  62% dos empresários entrevistados esperam vender e faturar mais em 2009; 56% manterão os funcionários e 35% afirmam ter a intenção de aumentar as contratações com carteira assinada; 68% acreditam que haverá aumento do número de clientes e 49% devem aumentar o investimento no próprio negócio. Impossível negar que estes números apontam na direção da superação da terrível crise psicológica que se abateu sobre não apenas o setor produtivo, mas sobre a população de maneira geral. 
Mas afinal, o que é a tal crise psicológica? É simples! É a antecipação da crise propriamente dita baseada em pressuposições exageradas e que contribui de forma direta para a concretização da crise anunciada. É a imobilização do setor produtivo antevendo as dificuldades que estão se avizinhando. É a paralisação pelo medo. E, em larga escala, isso foi exatamente o que se percebeu nos primeiros momentos da crise. É como a fábula do vendedor de cachorro-quente que manda o filho estudar na melhor universidade com os recursos gerados pelo seu pequeno negócio que, diga-se de passagem, sustentam toda a família há décadas. Na volta, o filho estudado traz notícias de uma terrível crise que se aproxima e orienta o pai para deixar de “inventar moda”, para reduzir o número de molhos e temperos, para cortar custos, para preparar-se para a crise. E então, pela primeira vez em décadas, o pobre vendedor de cachorro-quente que já houvera enfrentado dezenas de outros momentos difíceis de forma incólume, segue os conselhos do filho formado, e, ato contínuo, efetivamente perde clientes, perde faturamento e quase tem que desistir do negócio. Culpa da crise, é claro...
Agora, passado o pior momento, a sociedade em geral e os empresários de micro e pequenas empresas já estão percebendo que talvez o quadro não seja tão devastador quanto se imaginou.  Já estão deixando de lado o terror imposto pelo noticiário e percebendo que muito melhor do que pensar na crise é trabalhar!
Como toda crise, esta também nos deixará lições importantes. Os meios de comunicação vivem e sempre viverão de vender notícias, este é o seu papel. E evidentemente, a manchete “Brasil deverá ter crescimento próximo a zero em 2009” desperta muito mais atenção do que outra que informe que “Embora o crescimento da economia seja afetado, o País no mínimo repetirá o excelente ano que foi 2008”. É preciso adotar uma postura mais crítica quanto ao que ouvimos, lemos e assistimos. É preciso, sempre, entender o que está por trás e filtrar do noticiário a “real realidade”.

Desde o início da crise, o Sebrae tem procurado reforçar a idéia de que muito mais inteligente do que falar em crise – porque quem o faz apenas ajuda a reforçar a própria crise – é aproveitar o momento de retração para trabalhar e se preparar para o momento de expansão que se seguirá. Porque sempre foi e sempre será assim. As crises vêm, as crises vão. E é exatamente nos momentos de “crise” que se percebem as grandes oportunidades, que são gerados os grandes avanços. Desta vez, não será diferente. Mas para isso, o passo em curso, de superação da tal “crise psicológica” é o primeiro e mais importante. Até porque, esta é a crise mais fácil de ser superada. Superá-la, não depende de pacotes econômicos mirabolantes, tampouco da retomada das importações na China e nos Estados Unidos.  Superá-la, depende única e exclusivamente da nossa mudança de mentalidade e percepção. Em última análise, superar a “crise psicológica” só depende de nós! 

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