Nos últimos dias, vários veículos
de comunicação têm apresentado sinalizações alentadoras relacionadas à crise na
economia mundial. Os indicadores da produção começam a mostrar sinais de
melhora, as bolsas de valores ao redor do mundo parecem estar saindo do fundo
do poço, certo otimismo começa a ser percebido na maioria dos mercados. Mas
mais importante do que todos estes indicadores, é a superação efetiva da pior
das crises: a crise psicológica!
Recente sondagem realizada pelo
Sebrae Nacional junto aos empresários de micro e pequena empresa em todo o
Brasil mostram resultados animadores:
62% dos empresários entrevistados esperam vender e faturar mais em 2009;
56% manterão os funcionários e 35% afirmam ter a intenção de aumentar as contratações
com carteira assinada; 68% acreditam que haverá aumento do número de clientes e
49% devem aumentar o investimento no próprio negócio. Impossível negar que
estes números apontam na direção da superação da terrível crise psicológica que
se abateu sobre não apenas o setor produtivo, mas sobre a população de maneira
geral.
Mas afinal, o que é a tal crise
psicológica? É simples! É a antecipação da crise propriamente dita baseada em pressuposições
exageradas e que contribui de forma direta para a concretização da crise
anunciada. É a imobilização do setor produtivo antevendo as dificuldades que
estão se avizinhando. É a paralisação pelo medo. E, em larga escala, isso foi
exatamente o que se percebeu nos primeiros momentos da crise. É como a fábula
do vendedor de cachorro-quente que manda o filho estudar na melhor universidade
com os recursos gerados pelo seu pequeno negócio que, diga-se de passagem,
sustentam toda a família há décadas. Na volta, o filho estudado traz notícias
de uma terrível crise que se aproxima e orienta o pai para deixar de “inventar
moda”, para reduzir o número de molhos e temperos, para cortar custos, para
preparar-se para a crise. E então, pela primeira vez em décadas, o pobre
vendedor de cachorro-quente que já houvera enfrentado dezenas de outros
momentos difíceis de forma incólume, segue os conselhos do filho formado, e,
ato contínuo, efetivamente perde clientes, perde faturamento e quase tem que
desistir do negócio. Culpa da crise, é claro...
Agora, passado o pior momento, a
sociedade em geral e os empresários de micro e pequenas empresas já estão
percebendo que talvez o quadro não seja tão devastador quanto se imaginou. Já estão deixando de lado o terror imposto
pelo noticiário e percebendo que muito melhor do que pensar na crise é
trabalhar!
Como toda crise, esta também nos
deixará lições importantes. Os meios de comunicação vivem e sempre viverão de
vender notícias, este é o seu papel. E evidentemente, a manchete “Brasil deverá
ter crescimento próximo a zero em 2009” desperta muito mais atenção do que
outra que informe que “Embora o crescimento da economia seja afetado, o País no
mínimo repetirá o excelente ano que foi 2008”. É preciso adotar uma postura
mais crítica quanto ao que ouvimos, lemos e assistimos. É preciso, sempre, entender
o que está por trás e filtrar do noticiário a “real realidade”.
Desde o início da crise, o Sebrae
tem procurado reforçar a idéia de que muito mais inteligente do que falar em
crise – porque quem o faz apenas ajuda a reforçar a própria crise – é aproveitar
o momento de retração para trabalhar e se preparar para o momento de expansão
que se seguirá. Porque sempre foi e sempre será assim. As crises vêm, as crises
vão. E é exatamente nos momentos de “crise” que se percebem as grandes
oportunidades, que são gerados os grandes avanços. Desta vez, não será
diferente. Mas para isso, o passo em curso, de superação da tal “crise
psicológica” é o primeiro e mais importante. Até porque, esta é a crise mais
fácil de ser superada. Superá-la, não depende de pacotes econômicos
mirabolantes, tampouco da retomada das importações na China e nos Estados
Unidos. Superá-la, depende única e
exclusivamente da nossa mudança de mentalidade e percepção. Em última análise, superar
a “crise psicológica” só depende de nós!
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