Nos últimos anos, percebemos uma
evolução na pauta prioritária da maioria das empresas do mundo capitalista. Por
muito tempo, as escolas de negócios ensinaram seus alunos que o principal
objetivo a ser perseguido na gestão de uma empresa era maximizar o retorno para
o acionista. Segundo esta corrente de pensamento, se o negócio gerasse retorno
suficiente para manter o(s) dono(s) satisfeito(s) e com um bom retorno sobre o
capital investido, todo o resto estaria bem, como conseqüência da atividade
econômica.
Entretanto, a história recente mostrou
que outros elementos tinham importância determinante a este processo de busca
de resultados, embora estivessem sendo relegados a segundo plano. Estes
aspectos, fundamentalmente, passam por questões como sustentabilidade, valores
e ética. Casos notórios, como o escândalo da Enron nos Estados Unidos,
mostraram que a ausência de princípios norteados em uma ética forte e
suportados por líderes que sirvam como exemplo na consolidação e preservação
destes valores, deteriora a saúde da empresa e pode, em última instância, levar
ao seu desaparecimento.
Mas como assegurar que uma empresa
crie e consolide uma cultura baseada em princípios éticos sustentáveis? A
resposta passa, obrigatoriamente, pelos líderes da empresa, que são o modelo e
a referência para todos os colaboradores, em todos os momentos. O comportamento
e as atitudes dos líderes estabelecem o padrão de comportamento aceito e, por
conseqüência, definem o padrão ético da organização. E este processo de
construção não se dá a partir de grandes eventos, mas sim, através das pequenas
e constantes ações do cotidiano. Como agem os líderes? Eles respeitam seus
acordos, cumprem suas promessas? Honram sua palavra e seus compromissos?
Privilegiam o que é certo e justo do ponto de vista ético em detrimento do
lucro a qualquer preço? Tratam a todos com respeito, dignidade e igualdade?
Agem em consonância com princípios de sustentabilidade? Colocam o bem comum
acima dos interesses pessoais? Agem de forma coerente com seu discurso? Se a
resposta a essas perguntas for afirmativa, o caminho para uma cultura forte,
ética e consistente está pavimentado. Do contrário, os líderes caem em
descrédito, viram motivo de chacota e a empresa entra em processo de colapso.
Talvez, o grande dilema seja como
assegurar um padrão ético consistente em uma seara que, por natureza, é
altamente subjetiva. Um caminho possível é basear e orientar todas as decisões e
ações em três princípios, que podem ser auferidos a partir de três perguntas
simples:
- VISIBILIDADE: tudo bem se minhas ações forem publicadas na primeira página do jornal de maior circulação na minha comunidade?
- GENERALIDADE: tudo bem se todo mundo fizer o que eu estou fazendo?
- LEGADO: tudo bem se eu for lembrado pelo que estou fazendo?
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