Hoje, durante o café da manhã em
um hotel de São Paulo, assisti pela televisão a mobilização uruguaia em prol da
defesa do atacante Luiz Suárez, o canibal que tascou o dente no zagueiro
Italiano no jogo que definiu a eliminação da Itália e o avanço da celeste para
as oitavas da Copa no Brasil. Acontecimento em que, é bom lembrar, Suarez é
reincidente.
Lugano, o capitão uruguaio,
criticando de cara feia e em meio a palavrões a imprensa britânica e brasileira,
que estão “condenando” o Suárez para vender jornal; o Presidente Mujica, figura
caricata e admirável por vários aspectos, afirmando que o craque não foi
escolhido para ser filósofo. Confesso que fiquei achando que há algo muito
errado com a mundo. Até entendo a paixão despertada pelo futebol e os ânimos
inflamados na defesa da maior esperança do time uruguaio de ir mais longe na
Copa. Mas tentar defender a atitude do jogador é simplesmente defender o
indefensável. É como justificar o dinheiro (ou o batom) na cueca! Foi uma
agressão, ponto final. Um ato bizarro em que um profissional muitíssimo bem
pago e cheio de responsabilidade com patrocinadores retornou à sua fase oral e
tal qual a criança no jardim da infância, mordeu o coleguinha para demarcar
espaço.
Entrei no táxi pensando no caso.
E conheci o Josias. Começamos a falar do fato, e ele ainda mais indignado do que
eu, diz que tentar justificar o que fez Suárez é como dizer que ele, que nasceu
e viveu a vida toda em Baasilândia (segundo ele, uma “boca quentíssima”, das
regiões mais violentas de São Paulo) no meio do crime e da violência, tivesse
permissão para roubar e matar. Falou demoradamente sobre um monte de gente lá
na comunidade que nem precisava estar no crime porque tem boa família mas está
na ilegalidade, simplesmente porque são vagabundos e não se contentam em andar
de carro básico, mas querem sustentar hábitos caros e o crime, além de
possibilitar esses hábitos, ainda traz “status”.
É nessas horas que retomo a minha
fé na humanidade e reforço a minha crença de que há esperança!
O que Suarez e Josias têm em
comum? Nada, a não ser compartilharem o destino de serem seres humanos falíveis
e responsáveis por suas escolhas.
O que essa história pode trazer
de reflexão? Muita coisa!
Precisamos recuperar a capacidade
de nos indignar, capacidade essa tão maltratada nos últimos anos pelos piores
exemplos possíveis vindos da quadrilha instalada no poder em nosso País e
especializada em defender o indefensável. Quando nossos filhos escutam esses absurdos
através dos meios de comunicação, temos a obrigação de oferecer o contraponto.
Não existe meio certo. Suarez cometeu uma atitude deplorável e condenável sob
qualquer ponto de vista. Não, não defendo também condená-lo eternamente ao “fogo
do inferno”. Mas chega de passar a mão na cabeça de quem pisou na bola. A
frouxidão moral é o que leva às distorções que, por incrível que pareça, passaram
a fazer parte do nosso cotidiano sem que sequer tomemos consciência disso.
Pelo manual dos defensores dos
direitos humanos com posições radicais, seria compreensível que Josias talvez
tivesse razões para ser bandido. E, nesse mesmo manual, talvez Suárez seja
vítima de um sistema opressor que paga a ele milhões de dólares e coloca nele a
responsabilidade de carregar o time Uruguaio nas costas. Mas quando escuto o
depoimento que escutei, como um presente, desse mesmo Josias, volto a enxergar
o óbvio: não há relativização possível quando falamos de índole e caráter. Os
defensores dos direitos humanos xiitas que vão plantar batatas! O certo é
certo, e o errado deve ser, sempre que possível, exemplarmente punido. Essa é a
premissa básica da civilidade e uma das maiores heranças que podemos deixar aos
nossos filhos.
2 comentários:
Show!! É isso ai !!!
Perfeito!
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